Nesta terça-feira, 29 de outubro, as organizações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reuniram-se para um importante encontro que destacou a atuação de cada entidade, os desafios enfrentados e o sentimento de fortalecimento da Confederação Sindical de Educação dos países lusófonos.
O Secretário-Geral da CPLP-SE, Heleno Araújo, deixou uma saudação especial e reforçou a importância da unidade e coletividade das ações, uma vez que no momento do Fórum, estava numa outra reunião de trabalho.
Uma das principais discussões foi a avaliação da participação da CPLP-SE no Congresso da Internacional da Educação (IE), realizado em julho, em Buenos Aires. Na ocasião, as resoluções apresentadas pela CPLP-SE e aprovadas no Congo, foram evidenciadas.
Entre os desafios apresentados, recebeu atenção especial a necessidade de concretizar um observatório de educação que monitore e avalie as políticas educacionais nos países lusófonos. Esse instrumento é essencial para se garantir que as vozes dos professores sejam ouvidas e suas demandas atendidas.
Durante o encontro, os participantes debateram ainda como continuar a construção da CPLP-SE. Foram propostas diversas etapas para estruturar a confederação, considerando a diversidade cultural, política e económica dos países de língua portuguesa.
As etapas para essa estruturação incluem:
1. Definição de Missão e Visão Comuns
- Missão: Unir os professores dos países lusófonos em torno da defesa dos direitos laborais, da promoção de uma educação de qualidade e da valorização profissional.
- Visão: Trabalhar por um futuro em que os professores lusófonos sejam reconhecidos e respeitados, com condições de trabalho dignas e equitativas em todos os países.
2. Estrutura Organizacional
- Conselho Executivo Internacional: Composto por representantes eleitos de cada país lusófono, incluindo presidente, vice-presidentes, secretário-geral e tesoureiro.
- Comités Nacionais: Estabelecer comités nacionais em cada país para garantir a implementação local das políticas e ações da confederação.
- Comissões Temáticas: Criar comissões para áreas específicas como condições de trabalho, formação contínua, políticas educacionais e direitos humanos.
3. Planeamento Estratégico
- Análise SWOT Regional: Realizar uma análise abrangente das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças em cada contexto nacional e regional.
- Objetivos e Metas Comuns: Definir metas mensuráveis e prazos para sua realização, alinhadas à missão e visão da confederação.
4. Engajamento e Mobilização
- Comunicação Multicanal: Utilizar diversos canais de comunicação (site multilíngue, redes sociais, newsletters) para manter os membros informados e ligados.
- Eventos Lusófonos: Organizar conferências, seminários e webinars que reúnam professores dos países lusófonos para compartilhar experiências e discutir estratégias.
- Campanhas de Conscientização: Lançar campanhas de sensibilização sobre questões relevantes para a educação e os direitos dos professores nos países lusófonos.
5. Formação e Capacitação
- Programas de Formação Continuada: Oferecer cursos e workshops online e presenciais sobre temas pedagógicos, direitos trabalhistas e desenvolvimento profissional.
- Parcerias Académicas: Colaborar com universidades e instituições de ensino dos países lusófonos para fornecer recursos educacionais e oportunidades de desenvolvimento profissional.
6. Advocacia e Negociação
- Representação em Organizações Internacionais: Atuar junto a organizações internacionais (ONU, UNESCO, CPLP) para influenciar políticas públicas em prol da educação nos países lusófonos.
- Negociação Coletiva: Conduzir negociações com governos e entidades supranacionais para garantir melhores condições de trabalho e salários justos para professores lusófonos.
7. Assistência e Apoio
- Assessoria Jurídica: Disponibilizar suporte jurídico para questões trabalhistas e outras necessidades legais dos membros em diferentes países.
- Apoio Psicológico e Social: Oferecer serviços de apoio psicológico e social adaptados às necessidades dos professores nos diferentes contextos culturais.
8. Transparência e Prestação de Contas
- Transparência Financeira: Manter a transparência nas finanças da confederação, com relatórios regulares e auditados por entidades reconhecidas.
- Prestação de Contas: Realizar assembleias periódicas para prestação de contas e para ouvir feedback dos membros.
9. Inovação e Adaptabilidade
- Adoção de Tecnologia: Integrar tecnologias modernas para melhorar a eficiência administrativa, a comunicação e a colaboração entre os membros.
- Flexibilidade Organizacional: Adaptar-se rapidamente às mudanças no cenário educacional e nas necessidades dos professores nos países lusófonos.
10. Rede de Colaboração
- Parcerias Sindicais: Colaborar com outros sindicatos de professores dos países lusófonos e de outras regiões para fortalecer a voz dos docentes.
- Integração Regional: Conectar-se com organizações sindicais regionais e globais para trocar experiências e desenvolver estratégias conjuntas.
11. Cultura e Identidade Lusófona
- Promoção da Cultura Lusófona: Valorizar e promover a cultura e a língua portuguesa como elementos unificadores e de identidade comum entre os professores.
- Intercâmbio Cultural e Educacional: Fomentar programas de intercâmbio que permitam a troca de conhecimentos e experiências entre professores dos diferentes países lusófonos.
Estruturar uma confederação sindical internacional lusófona dessa forma permite enfrentar os desafios atuais de maneira organizada, eficaz e com foco na valorização contínua dos profissionais da educação nos países de língua portuguesa.
PRÓXIMOS PASSOS
A próxima reunião do Conselho de Ministros da CPLP será no dia 17 de julho de 2025 na Guiné-Bissau, país que vai acolher a próxima cimeira dos chefes de Estado e Presidência rotativa da organização, sucedendo São Tomé e Príncipe.
A CPLP – SE organizará um encontro no período objetivando intervir e apresentar demandas das organizações aos governantes lá reunidos.
Apresentará também a experiencia de projeto desenvolvido pela CPLP-SE e IE por meio de parceria com sindicato da Noruega e a recente chegada da Austrália como Sinaprof – Guiné-Bissau.
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DA EDUCAÇÃO
O Fórum tratou ainda da programação do seminário que acontece nesta terça e quarta (29 e 30), em Fortaleza. O evento inclui painéis sobre a valorização dos trabalhadores e o financiamento da educação pública, além de um debate sobre as recomendações da ONU e da OCDE para melhorar as condições dos profissionais da educação. A programação aborda temas fundamentais para todas as organizações.
Esse encontro representa um passo significativo para a construção de uma CPLP-SE forte e unida, comprometida com a defesa dos direitos dos educadores e a promoção de uma educação de qualidade nos países lusófonos.
Confira a programação completa
DIA 29 DE OUTUBRO
14h – Abertura Política Cultural
15h – Painel Outra Sociedade: “A educação seu contexto social e transformador”
– Exposição da representação da UNILAB até 20 minutos.
– Exposições de duas pessoas por continente em até 10 minutos cada uma (2 da África; 2 da América; 2 da Europa).
– Espaço para perguntas e comentários.
19h30 – Confraternização em comemoração aos 25 anos da existência da CPLP-SE
DIA 30 DE OUTUBRO
9h – Painel Sentimentos e Ações:
“A valorização das/os trabalhadoras/es e o financiamento da educação pública”
(Até 5 minutos de fala para um/a representante de cada entidade filiada a Internacional da Educação/Confederação Sindical Educação dos Países de Língua Portuguesa).
12h – Almoço
14h – Painel olhares no futuro: Sobre as “Recomendações da Nações Unidas: um chamado urgente para que os/as Profissionais da Educação sejam bem renumerados/as, valorizados/as e respeitados/as” (Uma pessoa indicada Pela Internacional da Educação, com exposição em até 30 minutos);
Sobre o relatório e recomendações da OCDE (Uma pessoa indicada pelo Ministério da Educação do Brasil, com exposição em até 30 minutos).
Debate: Como conquistar em nossos países a aplicação das medidas recomendadas para valorizar a nossa categoria profissional?
17h – Apresentação, debate e aprovação da Carta de Fortaleza
18h – Música de Encerramento
FÓRUM: IMPRESSÕES FINAIS
Todos os presentes destacaram a importância dos debates realizados e a necessidade de implementar o observatório educacional já pensado, para que de facto a realidade educacional da lusofonia avance, possa ir além de conhecer o contexto de cada país, a CPLP-SE tenha condições de atuar efetivamente.
Os debates destacaram a importância fundamental da formação dos professores, bem como a necessidade de aprofundar a discussão sobre as transformações educacionais e os desdobramentos que podem levar ao bullying, à violência e à saúde mental de estudantes e profissionais.
Foto: www.cplpse.org
Fonte: www.cplpse.org